terça-feira, 24 de abril de 2007

A absurda remuneração dos professores

Todos nós sabemos que professor ganha pouco.
Mas agora estamos sabendo que com o novo Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), lançado hoje pelo governo Lula, os professores de educação básica "finalmente" terão um piso salarial de.... R$ 850,00!
Mas isso demorará para atingir todos os professores brasileiros. A implantação será gradual
até 2010, para não afetar o orçamento de Estados e prefeituras! Com isso, deverão ser prejudicados justamente os professores dos estados mais pobres, com orçamento menor.
É por isso que os professores estão em campanha pelo reajuste salarial imediato e pelo piso do DIEESE (R$ 1.620,89 em fevereiro)!
É por isso que professores de todo o país fazem todo ano uma Marcha em Defesa da Educação Pública, cujo tema em 2007 é o piso salarial nacional. É falacioso falar em "novo século da educação" sem um salário dignos para os profissionais da educação. Se "
nada é mais importante hoje que a capacitação dos brasileiros para construir e consolidar participação do Brasil no mundo", conforme disse o presidente Lula, é imprescindível que a tarefa seja feita por profissionais bem remunerados e qualificados (mas esse é outro capítulo a desenvolver!).

domingo, 22 de abril de 2007

Uma forma de favorecer os grandes latifúndios?


Achei a notícia tão relevante que resolvi reproduzí-la abaixo. Só dá para concluir que a intenção é favorecer os grandes latifúndios.

Crédito da foto: www.cnpm.embrapa.br


Projeto exclui da Amazônia Legal MT, TO e MA

Notícia de 22.04.07 - Agência Estado

No momento em que a Organização das Nações Unidas (ONU) deflagra um debate sobre o aquecimento global e a situação climática no mundo, um projeto de lei que tramita no Senado promete esquentar ainda mais o debate no Brasil. Ele cria brechas para ampliar a derrubada da floresta amazônica e para regulamentar propriedades rurais, de produção de soja ou usadas na pecuária, com desmatamento acima dos 20% permitidos pela legislação.

Estados como Mato Grosso poderão, pelo projeto, reduzir à metade a área hoje considerada de preservação ambiental. O projeto do senador Jonas Pinheiro (DEM-MT), protocolado em fevereiro e já endossado com parecer favorável da Comissão de Desenvolvimento Regional e Turismo do Senado, prevê uma alteração no Código Florestal para excluir áreas de Mato Grosso, Tocantins e Maranhão da Amazônia Legal.

A situação seria mais crítica em Mato Grosso, Estado que lidera o desmatamento florestal no País e concentra a maior parte da Amazônia Legal fora da Região Norte. A transformação do projeto em lei facilitaria o serviço de regularização das áreas desmatadas, pois significaria transferir 54% da área de Mato Grosso, hoje dentro do bioma Amazônia e Amazônia Legal, para o bioma cerrado. De acordo com o Código Florestal, dos 906 mil quilômetros quadrados do território mato-grossense, 490 mil não podem ter mais que 20% de área desmatada. Os números mostram, no entanto, que o limite não é respeitado por madeireiros, pecuaristas e agricultores.

O senador Pinheiro admite que seu projeto é polêmico, mas diz que vai defendê-lo até o final. Contestando as informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Pinheiro sustenta que 60% de Mato Grosso não pertence ao bioma Amazônia. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Rede Blue Bus... plim plim


Até o site Blue Bus, dirigido para o mercado publicitário, parece ter se tornado refém do esquema Globo-BBB-celebridades internacionais, parecendo mais um site de fofocas desse gênero. Sim, eu leio esse tipo de site para relaxar, mas quando vou ler o Blue Bus (e sou leitora há bons anos) espero outro tipo de conteúdo e de abordagem.
Na edição de 19/04, estiveram em destaque:
  • Sugestões para o Alemão para que os brasileiros também possam imitar
  • E Grazi será Fatima Bernardes no Casseta & Planeta
  • Pulôver que o Alemão usou na entrevista a Gabi sumiu logo das prateleiras

quarta-feira, 18 de abril de 2007

Travestis, bonés e crachás

Passos rápidos pela rua.
Ouço dois travestis comentando um com o outro, que foi acordado agora há pouco.
Passa uma pickup e o passageiro põe a cabeça para fora, gritando algo para os travestis que nesse minuto já ficaram para trás.
Só ouço que um deles responde um "gostoso!..." meio fraco, meio baixo, meio por costume, meio por obrigação e continua a conversar.
São apenas 18h, mas o centro de São Paulo é o centro de São Paulo. Quem mora, trabalha ou estuda no centro,
está acostumado a ver de tudo.
Uma moça com crachá da Prefeitura fala ao celular, ao lado de moradores de rua. Difícil é tirá-los da rua e eles não voltarem, e muitas vezes para o mesmo local.
A viatura parada.
Os policiais acabam de liberar quatro rapazes de boné e bicicletas. Por hoje foi só. Não vi mais nada, não ouvi mais nada, ou foi o cansaço da subida à pé...
Ao cruzar a fronteira de Higienópolis, esses personagens saem de cena. Agora apenas guardadores de carro.

Foto: Grupo de artistas realiza intervenção política diante do edifício Prestes Maia, como parte das ações de apoio aos movimentos de moradia do centro de São Paulo.

(Foto encontrada no blog Xamânico, de autoria de Polart)

segunda-feira, 16 de abril de 2007

quinta-feira, 12 de abril de 2007

A incrível caixinha de armazenar músicas

Muito se fala sobre a miséria no país, a fome, a falta de acesso à cultura, a necessidade de inclusão digital da população. Para que falar sobre isso?

A cena é outra: na churrascaria dos Jardins em Sampa, geralmente freqüentada por executivos, a avó bem vestida, elegante e alinhada almoça com a neta. A menina aparenta ter uns 9 anos, é falante e come na velocidade inversamente proporcional à quantidade de palavras que extrai em seu monólogo.
A avó vigia cada pedaço de comida, se comeu ou não, se cortou faz tempo e abandonou, porque pegou tanta batata frita e olha, o molho vai sujar sua roupa. Enquanto a menina mastiga por milímetros e fala por kilômetros.
Um elogio da avó sobre uma amiga sua a faz discorrer como esta é seu clone, sua gêmea, separadas no nascimento.
A avó descrente olha para o prato de comida, o único da mesa, ao lado dos copos de suco vazios.
A menina conta sobre a promessa da mãe de lhe dar um ipod se tirasse 10 nesse bimestre, pelo menos em algumas matérias.
Mesmo conformada diante da impossibilidade de ganhar agora o presente, pois o 10 não virá, ela tenta explicar à avó o que é um ipod - uma caixinha que serve para "armazenar" - fala assim, com entonação entre aspas - músicas, todas as que você quiser.
A avó não se interessa muito, nem se surpreende.
A menina também não se surpreende com o prêmio oferecido para um fim de bimestre escolar. Para outras crianças, o mimo seria para o fim do ano. Para milhares de outras, seria inalcançável, irreal. Para milhões de outras, impossível, desconhecido, inexistente.
Mas a menina não se dá conta.
A mãe não se dá conta.
A avó não se dá conta.