quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Gente vendendo gente

  • Tráfico de pessoas movimenta até US$ 9 bi por ano, diz ONU (site Terra)
  • Brasil teve quase 22 mil casos de trabalho escravo em 5 anos, diz ONU (site G1)
Dois enfoques a partir do mesmo relatório divulgado hoje pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, na sigla em inglês). O estudo sobre tráfico humano e trabalho escravo no mundo revela números impressionantes para o século XXI.
Depois do tráfico de drogas, o tráfico humano representa o 3° lugar na economia no mundo do crime, após o tráfico de armas.
Os pesquisadores admitem que essa é apenas a ponta de um iceberg, uma vez que muitos casos podem não ser conhecidos e a tendência é a crise econômica global potencializar a vitimização de seres humanos.
A exploração sexual é a maior motivação (79%, atingindo mais mulheres e meninas), seguida pelo trabalho forçado (18%). No trabalho forçado as crianças são 20% das vítimas.
Segundo a coordenação do estudo, os governos não reconhecem os fatos ou negligenciam o combate. Comparado ao combate ao narcotráfico, os esforços são bem inferiores.

Enquanto trabalha-se na elaboração de um código de conduta para o setor privado, para tentar assegurar que não é utilizado o tráfico de mão-de-obra em nenhum elo da cadeia produtiva, há outros fatores que continuam colaborando para que a situação permaneça ou piore:
  • multinacionais migram para países em que a regulamentação trabalhista é precária, e quando há algumas conquistas de direitos sociais, migram novamente para outros países;
  • a defesa do trabalho desregulamentado pelos que argumentam que isso gerará mais empregos contribui para ocultar a exploração de trabalho clandestino e a semi-escravidão;
  • o avanço na redução das taxas de emprego impõe a necessidade de aceitar o trabalho sob condições precárias.
Diante de tudo isso não dá para ter otimismo. Mas divulgar dados como esses - ainda que ainda sejam poucos e superficiais, de acordo com a própria ONU - ajuda a conscientizar o mundo sobre essa realidade oculta.

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