terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Como salvar as novelas da Globo?

O colunista do UOl, Ricardo Feltrin, publicou hoje que a Rede Globo está convidando jornalistas, publicitários, pedagogos e psicólogos para tentar descobrir formas de cativar os telespectadores que vêm se afastando cada vez mais de suas novelas.
Grupos de pesquisa com donas de casa ajudam a detectar personagens que não estão agradando e dificuldades de entendimento das tramas, por exemplo.

Creio que há outras formas de mensurar as razões dos fracassos de audiência.
Lendo alguns blogs, por exemplo, vi inúmeros comentários questionando a exposição da cultura indiana ("Caminho das Índias"), em vez da cultura nacional que tem uma riqueza regional ainda inexplorada, a não ser de forma estereotipada.

Alguns exemplos que os irritam e que acho que a Globo tenta ignorar:
  • semelhanças com a trama de O Clone, criando quase uma ponte aérea Rio-Marrocos (agora Rio-Dubai-Índia);
  • a novela vai abordar o casamento infantil - dizem que a prática já é proibida na Índia há 10 anos (mas o sistema de castas também foi retirado da Constituição, mas persiste na prática);
  • atores fazendo os mesmos papéis, sem nenhuma variação de interpretação (citam Vera Fischer e Caco Ciocler)
Outros exemplos que me irritam particularmente:
  • a personagem Duda é muito burra - namorando há 2 anos com Raj, ia casar-se com ele, mas não sabe nada da cultura dele. O risco do impedimento de casar com uma estrangeira não passava pela cabeça de nenhum dos dois? A prática dos pais escolherem a noiva e o noivo só conhecê-la depois não era do conhecimento dela.
  • a novela insiste em mostrar costumes indianos como superstições, causando uma impressão negativa no público. É exagerado que em quase toda cena apresentem algum costume dessa forma. Foram até tema de reportagem do Vídeo Show. Na prática, do ponto de vista antropológico, é um reforço do etnocentrismo ocidental. Todas as culturas possuem algum tipo de superstição. No entanto, as crenças tem que ser entendidas dentro do seu contexto. Mesmo se a autora da novela não teve essa intenção, é o que a edição da novela e a emissora tem transmitido.

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Sensacionalismo inglês

Uma adolescente de 15 anos teve um bebê. O pai é o namorado de 13 anos.

A única explicação para que essa notícia veiculada por um tabloide inglês (The Sun) mostrando um casal de adolescentes que teve um filho repercuta no Brasil é que:
  • embora no Brasil seja comum mães adolescentes, esse fenômeno tem crescido na Inglaterra mas ainda é recente;
  • nem sempre os pais da criança têm a mesma idade - nesse caso o garoto é mais novo e aparenta ser mais novo ainda;
  • a ingenuidade das respostas e dúvidas do garoto chama a atenção e reflete uma desinformação e falta de maturidade que os adolescentes brasileiros da mesma idade não têm.
O governo inglês manifestou-se dizendo que o fato é um sinal de decadência social.
O Brasil passa por isso há décadas.

Agora o órgão regulador da imprensa britânica investigará se houve quebra de ética na divulgação da estória.

Produtos ecológicos

Imagine você ter um notebook revestido de bambu e uma impressora que usa borra de café em vez de cartucho de tinta industrial...
Vi em notícias separadas no blog Empresa Verde e em momentos distintos.

O Notebook:
Deve começar a ser comercializado no Brasil em 2009. A invenção é da empresa de informática Asus, de Taiwan. Chamado de Eco Boook, o notebook “ecológico” teria como atrativo ser “verdadeiramente verde” - desde a sua concepção até a produção e o descarte.

A Impressora:
Desenvolvida pelo coreano Jeon Hwan Ju, "a máquina dispensa o uso de tintas e cartuchos cheios de produtos químicos e imprime suas imagens e textos usando borra de café ou chá." Foi batizada de RITI Coffee. Resta saber se ler um texto com cheiro de café agradará a todos.

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Cronologia do nosso tempo (10)

Foto do site Yahoo
Dia 12/02/09
  • A empresa japonesa de eletrônica Pioneer anunciou que cortará 10 mil empregos no mundo todo. Outras empresas já anunciaram seus cortes: Sony (16 mil), NEC (20 mil) e Nissan (20 mil).
  • Renault anuncia 9 mil demissões, sendo metade na França.
  • Nike pode demitir mais de 1,4 mil funcionários para cortar despesas, apesar do aumento de 9% no lucro líquido no último trimestre.
  • No Brasil a Oi eliminou 400 posições gerenciais após fusão com a Brasil Telecom.
  • A CUT realizou dia nacional de lutas em todo o país.

Cronologia do nosso tempo (9)

11 a 12/02/09

  • Efeito da crise sobre economia ainda está por vir, diz FMI.
  • América Latina levará até 3 anos para superar crise, diz BID.
  • A montadora americana General Motors abriu plano de demissões voluntárias visando reduzir 10 mil de seus 62 mil empregados. Em 2006 um plano similiar atingiu resultados acima do esperado: 30 mil demitidos.
  • Ao mesmo tempo no Brasil a Justiça manda GM indenizar 802 rabalhadores temporários demitidos da fábrica de São José dos Campos (SP).
  • Metalúrgicos do ABC também vão às ruas protestar contra demissões: protesto é chamado de 'Querem lucrar com a crise. A classe trabalhadora não vai pagar esta conta'.
  • Crise global reduz empregos em indústrias de Pernambuco: a Fricon - segunda maior fabricante nacional de freezers - já demitiu 144 empregados. O saldo no setor é de 450 desempregados.
  • Só no mês de dezembro, segundo dados do Dieese, foram demitidos em todo o país 655 mil trabalhadores.

Gente vendendo gente

  • Tráfico de pessoas movimenta até US$ 9 bi por ano, diz ONU (site Terra)
  • Brasil teve quase 22 mil casos de trabalho escravo em 5 anos, diz ONU (site G1)
Dois enfoques a partir do mesmo relatório divulgado hoje pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC, na sigla em inglês). O estudo sobre tráfico humano e trabalho escravo no mundo revela números impressionantes para o século XXI.
Depois do tráfico de drogas, o tráfico humano representa o 3° lugar na economia no mundo do crime, após o tráfico de armas.
Os pesquisadores admitem que essa é apenas a ponta de um iceberg, uma vez que muitos casos podem não ser conhecidos e a tendência é a crise econômica global potencializar a vitimização de seres humanos.
A exploração sexual é a maior motivação (79%, atingindo mais mulheres e meninas), seguida pelo trabalho forçado (18%). No trabalho forçado as crianças são 20% das vítimas.
Segundo a coordenação do estudo, os governos não reconhecem os fatos ou negligenciam o combate. Comparado ao combate ao narcotráfico, os esforços são bem inferiores.

Enquanto trabalha-se na elaboração de um código de conduta para o setor privado, para tentar assegurar que não é utilizado o tráfico de mão-de-obra em nenhum elo da cadeia produtiva, há outros fatores que continuam colaborando para que a situação permaneça ou piore:
  • multinacionais migram para países em que a regulamentação trabalhista é precária, e quando há algumas conquistas de direitos sociais, migram novamente para outros países;
  • a defesa do trabalho desregulamentado pelos que argumentam que isso gerará mais empregos contribui para ocultar a exploração de trabalho clandestino e a semi-escravidão;
  • o avanço na redução das taxas de emprego impõe a necessidade de aceitar o trabalho sob condições precárias.
Diante de tudo isso não dá para ter otimismo. Mas divulgar dados como esses - ainda que ainda sejam poucos e superficiais, de acordo com a própria ONU - ajuda a conscientizar o mundo sobre essa realidade oculta.

quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Bola de neve


Há alguns dias uma amiga me perguntou se a crise econômica internacional me afetaria diretamente. Eu disse a ela que uma das primeiras áreas em que as empresas costumam cortar verbas é a área de marketing. Por conseguinte, os departamentos de marketing economizam na contratação de pesquisas de mercado.
Se a verba é cortada na matriz internacional, a repercussão do corte será maior ainda no mercado nacional.
Mas é uma bola de neve da qual é impossível qualquer um, em qualquer área, escapar.

"7% dos anunciantes americanos pretendem reduzir seus orçamentos de marketing em função da crise econômica. É o que diz uma pesquisa realizada pela Association of National Advertisers. Indica ainda que 68% dos anunciantes planejam 'desafiar' suas agências a reduzir despesas internas ou outros custos. E 48% estão estudando neste momento como reduzir a remuneração de suas agências." Saiu no Blue Blus hoje.

Cronologia do nosso tempo (8)

09 a 10/02/09
  • Demissão afeta um terço dos lares em SP: pesquisa Datafolha realizada entre os dias 3 e 4 de fevereiro revela que ao menos um trabalhador perdeu o emprego em 31% das casas nos últimos seis meses. O Datafolha revela ainda que o desemprego atingiu com mais força as casas das famílias de menor renda. Dos que pertencem às classes D e E, 40% dizem que alguém no lar perdeu o trabalho há até seis meses.
  • Diferentes setores ampliam concessão de férias coletivas: 8.990 funcionários da empresa Carambeí (setor de abate de frango) em quatro estados do país.
  • Acordos coletivos para evitar demissões já reduziram a carga horária e os salários de pelo menos 7 mil trabalhadores no Rio Grande do Sul. Três empresas convenceram os trabalhadores da necessidade da medida: GKN, Randon e MWM International.
  • Nissan prevê demitir 20 mil no mundo.
  • Acordos prevendo flexibilização já atingem cerca de 40.600 trabalhadores do setor metalúrgico no Estado de São Paulo, funcionários de 66 empresas. Outras 604 metalúrgicas paulistas -que empregam cerca de 167,9 mil pessoas- procuraram os sindicatos pedindo a abertura de negociações visando flexibilização.
  • Pelo menos 11 faculdades privadas do DF atrasam salários de docentes. Pelo menos 2,5 mil docentes estão prejudicados com a situação. Alguns não receberam os salários de novembro, dezembro, 13º e adiantamento relativo a férias.
  • Ford dá férias coletivas para 800 trabalhadores em São Bernardo do Campo a partir de 19 de fevereiro.

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Cronologia do nosso tempo (7)

05 a 08/02/09
  • Demissões nos Estados Unidos atingem maior nível em 7 anos. As empresas norte-americanas anunciaram 241.749 demissões em janeiro.
  • A crise já teria tirado o trabalho de 2,9 milhões de pessoas na América Latina.
  • A Perdigão também anunciou férias coletivas em Dourados (220 km de Campo Grande, MS). Serão 1.520 trabalhadores da unidade de produção de aves e ração.
  • Acordo revê 502 demissões da John Deere, fábrica de colheitadeiras do Rio Grande do Sul. Desde outubro, a dos Federação dos Metalúrgicos já contabilizou 3.313 dispensas de trabalhadores da categoria.
  • Ford dá férias a 800 e paralisa unidade de caminhões em São Bernardo do Campo (SP). Outras montadoras de caminhões já anunciaram férias coletivas. Na Mercedes-Benz, por exemplo, a parada atinge 7.000 funcionários. Ao todo contando com a Volkswagen, 11,3 mil funcionários ficarão em casa.
  • Fabricantes de autopeças demitem cerca de 3.700.
  • GM pode demitir 5 mil funcionários nos EUA.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Cronologia do nosso tempo (6)

04/02/09
  • Perdigão dá férias coletivas de 30 dias a 2,8 mil em Porto Alegre e Lajeado (RS).
  • A Iveco, fabricante de caminhões do grupo Fiat em Sete Lagoas (MG), dá férias coletivas pela 3ª vez desde dezembro.
  • Em Sorocaba, a ZF do Brasil, do setor de autopeças, confirmou a demissão de 236 empregados, somando-se aos 70 já dispensados em janeiro.
  • Desemprego na Espanha sobe 47% em 1 ano e atinge 3,3 milhões. O número de desempregados estrangeiros no país aumentou 86,74%.
  • Em São José dos Campos (SP), cerca de 1.000 trabalhadores rejeitaram a proposta da Associação dos Empresários do Chácaras Reunidas (Assecre) de redução de jornada e salários em até 25%.
  • A Petroquímica Quattor, no ABC, demitiu 63 trabalhadores.

Cronologia do nosso tempo (5)

31/01 a 03/02/09
  • Corte de vagas afeta mais mulheres, jovens e negros: nas grandes metrópoles do Brasil, em tempos de crise, os maiores prejudicados com o desemprego são do sexo feminino, pretos ou pardos, jovens e com pelo menos o ensino médio completo, segundo dados da PME (Pesquisa Mensal de Emprego) levantados pelo IBGE.
  • Pesquisa do Sindicato da Micro e Pequena Indústria do Estado de São Paulo (Simpi) realizada entre os dias 12 e 15 de janeiro já mostrou que cada empresa do setor demitiu em média 2,5 trabalhadores no último trimestre do ano e ainda pretende dispensar 3 empregados nos próximos meses em função dos impactos da crise financeira internacional. O Simpi representa cerca de 200 mil empresas e emprega 1 milhão de trabalhadores.
  • Somente em dezembro, 8.620 postos formais de trabalho foram fechados na região do Grande ABC. Os setores que mais encerraram vagas foram: indústria (4.699) - puxada pela cadeia automobilística; serviços (2.484), construção civil (870) e comércio (714).
  • Sindicato da Indústria da Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP): demissão em dezembro supera sazonalidade. 25% dos 87,4 mil empregos perdidos em dezembro não deveu-se a fatores sazonais, como período de chuvas e de férias. Dos 21,7 mil postos de trabalho fechados em novembro, 15% não resultaram da sazonalidade.
  • Crise leva ao corte de 20 mil na produção de frutas no Nordeste. Um exemplo: na empresa Logus Butiá, produtora e exportadora de uvas em Petrolina (a 790 km de Recife), quase todos os empregados foram demitidos. Dos 300 funcionários, restaram 50.
  • Flexibilização de direitos trabalhistas pode agravar crise, alerta magistrado. O juiz do trabalho e professor da Universidade de São Paulo Jorge Luiz Souto Maior alerta sobre os riscos desse tipo de negociação. O professor lembrou ainda que a simples existência de uma crise não justifica o sacrifício dos trabalhadores. É preciso que a empresa comprove a dificuldade econômica.

Opinião dos indianos


Ainda não repercutiu na imprensa o que os indianos (principalmente os que moram no Brasil) estão achando da novela "Caminho das Índias".
As novelas anteriores de Gloria Perez causaram reação nas comunidades cuja cultura foi mostrada em suas tramas, por exemplo, entre os ciganos e os marroquinos.