quinta-feira, 16 de novembro de 2006

Trabalho infantil

Um dos fatos da semana é a morte de uma jovem modelo, vítima de anorexia. Os desdobramentos usuais, as matérias em todos os jornais da Globo, as notícias na Internet, as matérias nos programas femininos, sobre o que é a doença e como tentar fugir dela dentro da ditadura da magreza, tudo transcorreu como de praxe.

É quando se entrevista jovens morando juntas em repúblicas de modelos, todas de outras cidades, outros estados, algumas com menos de 16 anos. E se fala no amadurecimento para a atividade profissional que estão exercendo. Exigindo-se de menores de 16 anos que obedeçam quando mandam que se mantenham magras.

Amadurecer seria, por outro lado, conhecer os limites do próprio corpo e da vida.

Enquanto isso, as menores de 16 anos trabalham, com a anuência dos pais, para a indústria da moda, a indústria da beleza.

Há oito anos a Emenda Constitucional Número 20, artigo 07. XXXIII, elevou a idade mínima para admissão no trabalho ou emprego de 14 para 16 anos.

Uma pesquisa IBOPE de opinião pública sobre trabalho infantil, divulgada em 24/10/06 mostrou que a maioria da população acha que trabalho infantil é prejudicial para o país. Para 90% dos jovens entre 16 e 24 anos, pessoas que utilizam mão-de-obra infantil, expondo a criança a riscos, deveriam ir para a cadeia.

A maioria reprova a exploração sexual comercial de crianças e adolescentes como a pior forma de trabalho infantil, ao lado da exploração de crianças no plantio e tráfico de drogas.

Imaginamos que o número de crianças e adolescentes afetados por essas formas de exploração seja muito maior do que a quantidade de garotas que tentam a carreira de modelo, mas isso nos exime de tratar da mesma forma como trabalho infantil?

Ainda que muitas delas venham de famílias de classe média e até alta, e que tenham boa residência, isso nos impede de classificar como trabalho infantil?

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