terça-feira, 17 de julho de 2007

1000ºC de dor

Há duas semanas mais ou menos eu estive despachando uma carga no prédio da TAM Express à noite. O fruto de um extenso trabalho de pesquisa precisava chegar a seu destino e fomos para o Aeroporto de Congonhas. Era a segunda vez nos últimos meses que eu ia lá e fiquei observando os funcionários em seu turno noturno.
Começando o programa Linha Direta, da Globo, ouvi um deles comentar com o colega - "Ih, agora as mortes...". A TV ficava num suporte, para "entretenimento" de funcionários e clientes. Percebi pelas reações que eles estavam cansados de más notícias, de ver mortes, ainda mais naquele trabalho noturno desgastante.
Tanta burocracia e reclamações... Os últimos transtornos eram causados pela transferência de alguns vôos noturnos para Guarulhos, devido às reclamações dos moradores da vizinhança.

Hoje aquele terminal de cargas incendiou-se, junto com o avião da TAM. Centenas de vidas perdidas, incluindo alguns, não sei quantos, nem quem, daqueles rapazes que nos atenderam mais de uma vez. E talvez clientes, sobre os quais a imprensa nem comentou provavelmente pela imensa falta de informações. Eu poderia estar lá.

1000ºC, a temperatura do incêndio. 1000ºC de dor.

Um comentário:

Daniel Duende disse...

Nem há muito que se possa dizer, não é mesmo? :/

Eu passei por aquela cabeceira de pista ao menos 2 vezes este ano, talvez mais. Vi o prédio da TAM Cargas. Passei pela tensão de pousar em Congonhas. Todas as vezes eu imaginava que isso poderia acontecer.
No fim, aconteceu.

Não há muito que se possa dizer.
Só lamentar muito, muito.


Abraços do Verde.