
Não descendo de ninguém que fugiu de um país em guerra.
Nunca estive num país em guerra.
Já participei, quando mais jovem, de manifestações e movimentos contra a guerra.
Não gosto de assistir a filmes de guerra.
Mas a guerra nos alcança sempre, pois estamos na mesma humanidade.
Há 2 anos tive um dia a notícia de que uma pessoa conhecida tinha sido sequestrada no Iraque, durante a guerra. Por ter prestado serviços à construtora Norberto Odebrecht, eu o conhecia. Era um engenheiro carioca, simpático, com cara de boa gente. E agora era a foto dele no telejornal.
Acompanhamos as notícias da imprensa, no início tendo esperança de um desfecho positivo, mas com o passar do tempo ficando pessimistas. Com o tempo não saiu mais nada na imprensa. Mas eu imaginava que o desespero de sua família continuava. Tal como o desespero das famílias dos desaparecidos políticos durante o regime militar.
Guerra é guerra, só interessa aos dominantes e só a eles favorece.
Hoje seu corpo está voltando para o Brasil, após ter sido reconhecido.
Está no Folha Online. Está no Último Segundo.
Resta a dor da família.
Resta até hoje seu nome, e-mail e telefones na minha agenda. João José Vasconcellos Jr.
João, adeus.
Crédito da foto: Álbum de família, publicada na Folha Online.
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